quinta-feira, 26 de agosto de 2010

360° Europa

26 de agosto de 2010

Quanto à reforma do Estado belga, pode-se resumir que após muita saliva (e provavelmente pizzas), a mesa redonda de ontem acabou às 22h30 sem concluir nada, sem avançar um centímetro. O assunto é a parte sensível da reforma: a cissão de Bruxelas-Hal-Vilvorde, a famosa espinha BHV encalacrada na garganta dos políticos e dos cidadãos (cansados de tanta briga por uma questão de importância mais do que relativa). Durante o dia, os presidentes de partido se encontram, porém à noite são seus delegados e nem sempre estes possuem todas as cartas, como indica a RTBF. Segundo esta, é pouco provável que haja um acordo hoje sobre BHV. A análise de La Libre Belgique vai no mesmo sentido, e estabelece um paralelo com as negociações de 2007 (que duraram meses e não levaram a nada de nadica; o governo anterior só foi salvo por causa da crise em 2008). De toda a mídia que tenho acompanhado sobre a reforma, devo tirar o chapéu para La Libre Belgique. Apresenta os resumos mais completos, mais claros e põe as notícias em seus devidos contextos.


O Instituto Nacional de Seguro Doença e Invalidez (INAMI) publicou aquilo que todo mundo já sabia: faltam médicos na Bélgica. Como nos relatam Le Soir e RTL, um terço das cidades não possui médicos clínica geral em número suficiente. O resultado é uma carga de trabalho colossal para os existentes. Trabalham de 12 a 15 horas por dia nas 206 cidades em que faltam profissionais (num total de 589 cidades). A distribuição de médicos não é homogênea. Faltam menos na Flândria, onde os incentivos fiscais são mais importantes - 20.000 euros para instalação na cidade com falta de médicos, mais possibilidade de empréstimo de 30.000 euros sem juros. Enquanto muitos apontam do dedo o número de vagas limitado para o registro de médico (numerus clausus), pesadelo dos estudantes de medicina, o Inami afirma que o que está em questão é o envelhecimento da categoria profissional, assim como sua feminilização. Segundo o Inami, as médicas teriam tendência a prestar menos horas de serviço por desejarem passar mais tempo com suas famílias.


Explode bomba na casa do Procurador-Geral de Reggio Calabria (bico da bota italiana), nos contam Corriere della Sera e La Repubblica. Ninguém foi ferido felizmente; os danos foram apenas materiais; o procurador Salvatore Di Landro e sua esposa se encontravam em casa durante a explosão. A bomba explodiu minutos antes das duas manhã ao portão do condomínio. Um sinal claríssimo da parte da 'ndrangheta, a máfia na Calábria.


Não é a primeira vez que o procurador é alvo de atentados. Seu escritório foi atacado no início de janeiro. Duas pessoas numa moto explodiram uma bomba na porta. Os magistrados de Reggio Calabria vêm sendo intimidados repetidamente. Desde o começo do ano, ameças de morte e envelopes contendo balas foram enviados para os procuradores Giuseppe Lombardo e Antonio Di Bernardo, que lutam contra o crime organizado. Uma missiva intimidatória foi mandada para o Procurador da República Giuseppe Pignatone.


Entre junho e julho, veículos de serviço de magistrados foram sabotados. Soltaram os parafusos das rodas do carro do procurador Di Landro e da procuradora geral substituta Adriana Fimiani. No princípio de agosto, a vítima de ameaça foi o procurador de Palmi, Giuseppe Creazzo. Puseram um cartucho carregado de chumbo grosso no pára-brisa de seu carro, estacionado no subsolo do Tribunal da Justiça.

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