terça-feira, 17 de agosto de 2010

360° Europa

17 de agosto de 2010

Os políticos belgas adoram negociar à noite. Deve ser por causa da pizza, tradicional motor dans noitadas ao redor da mesa de negociações. De tanta negociação - ou de tanta pizza, Bart De Wever (N-VA) passou mal. Elio Di Rupo (PS) mandou parar tudo, botou todo mundo para fora do carrossel e prolongou a entrega do relatório ao rei, prevista para hoje, conforme nos relata Le Soir.

Poderíamos acreditar que já está tudo negociado, tudo amarrado, se o relatório era para hoje. Que nada! Le Soir conta que ontem os partidos flamengos CD&V e o N-VA pediram mais. Querem reformar também o mecanismo de financiamento das comunidades e das regiões pelo Estado. Segundo La Libre Belgique, os francófonos explicitaram seus limites. Aceitam a transferência de competências (e, implicitamente, de orçamento) do federal para as regiões, porém não para as comunidades. Isto implica num reconhecimento de Bruxelas enquanto região, isto é, algo a parte com seu próprio orçamento e gestão. A transferência para as comunidades, temem os valões, anilaria Bruxelas como região e esta poderia vir a ser "absorvida" pela Flândria em caso de declaração de independência. O fantasma da independência da Flândria apavora os políticos valões. Os últimos, segundo La Libre Belgique, aceitariam extender o poder do governo federal para as regiões mais um pouco, sendo todavia contra a revisão completa da lei do financiamento. Revisar o financiamento só seria possível no cálculo do próximo orçamento. Orçamento que precisa prever uma economia de 25 bilhões de euros em quatro anos para ajustar as contas do Estado. Isto, sem contar com os por volta de 15 bilhões a menos - a serem transferidos para as regiões ou comunidades.

60% da população iraquiana está desempregada. Quando o exército recruta, centenas de candidatos fazem filas quilométricas durante horas. Hoje, como nos conta a BBC News, The Guardian e The Independent, um terrorista suicida foi ao centro de recrutamento e aproveitou a fila para fazer uma centena de feridos e dezenas de mortos. O terrorista passou desapercebido, pois o centro é próximo a uma das princiapis estações de ônibus de Bagdá. No meio da multidão, ele andou até o centro e explodiu a bomba. O atentado ocorre num momento delicado, em que as tropas americanas se preparam a deixar o Iraque. Conforme comentamos semana passada (360° Europa 12/8/2010), cerca de 14.000 soldados yankees devem partir no final do mês. 50.000 partirão no final de 2011. O ministro da Defesa iraquiano, general Babaker Zebari afirma ser impossível preparar as forças armadas antes de 2020 e pede ao governo americano para manter suas tropas no Iraque até lá. Esforçando-se para fortalecer as forças armadas, o governo iraquiano tem recrutado 250 pessoas por semana. Recrutamentos que podem custar a vida do candidato, como vemos no ataque de hoje.

A BBC News anuncia cem feridos e pelo menos cinquenta e um mortos, The Independent fala de cento e doze feridos e quarenta e um mortos e The Guardian conta cento e dezenove feridos e cinquenta e um mortos.

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