sexta-feira, 20 de agosto de 2010

360° Europa

20 de agosto de 2010

Quarta-feira, o préreformador Elio Di Rupo (PS) visitou o rei Albert II com as mãos abanando. Voltou para casa com a missão prolongada. Desde então, o monarca se encontrou com chefes de partidos e amanhã Di Rupo deve recomeçar as negociações. Se der tudo certo, domingo ou segunda haverá um acordo sobre a reforma do Estado belga. O jornal Le Soir conta em poucas linhas a situação atual. Em compensação, La Libre Belgique apresenta um belíssimo resumo das negociações, uma espécie de "Reforma 2010 Para Leigos". Recomendo a leitura para quem quer conhecer o contexto - e descobrir em mato sem cachorro se encontrará a Bélgica caso não haja um acordo até a semana que vem: http://www.lalibre.be/actu/elections-2010/article/603608/la-negociation-institutionnelle-a-7-en-10-questions.html

Lembram-se do meu artigo sobre pedofilia, Igreja e Justiça na Bélgica? La Libre Belgique conta mais um capítulo da novela. Semana passada, o Ministério Público julgou a batida policial ordenada pelo juiz Wim De Troy. As informações relativas a esse julgamento foram mantidas em silêncio a pedido do último para não atrapalhar a investigação. E o julgamento foi realizado a pedido do mesmo. Trata-se de um procedimento para evitar que provas venham a ser consideradas irregulares ou ilegais no tribunal. O silêncio imposto pelo juiz De Troy só é quebrado pelo tagarela Fernand Keuleneer, advogado da Igreja. Keuleneer brada aos quatro ventos a suposta irregularidade da batida e a impossibilidade de usar a documentação recolhida na arquidiocese de Mechelen-Bruxelas, complementa o site de Sud Presse. Como diz La Libre, as vítimas podem se constituir parte civil, acedendo assim ao dossiê sobre a batida policial, o que levará várias semanas. Aguardaremos de olho vivo.

Sarkozy está paquerando os eleitores de direita e adoraria raspar o tacho do partido extremista Front National (FN). Contenta-se, todavia, com uma margem desse eleitorado. Ameaçou há pouco retirar a nacionalidade francesa de naturalizados fora-da-lei e recentemente mandou dezenas de ciganos na estrada para a Romênia para lutar contra a suposta delinquência destes. Em Washington para assinar um acordo sobre o emprego de policiais americanos em aeroportos franceses (e vice-versa), o ministro da Imigração, Eric Besson, acabou falando mais sobre a expulsão dos ciganos do que sobre o acordo bilateral aos jornalistas franceses presentes. Reclamou da mídia de seu país, a primeira a bater de pau no governo, levando a críticas da imprensa internacional, segundo ele. Criticou Barack Obama, que acaba de liberar 600 milhões de dólares para colocar mais 1500 agentes na fronteira com o México. Indagado por jornalistas do Libération, Besson afirma que a política de Washington com relação aos imigrantes clandestinos seria considerada inaceitável pelos franceses, contradizendo a imagem veiculada por Obama durante as eleições e no início da presidência. Afinal, quem é mais intransigente com os clandestinos, Obama ou Sarkozy?

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