quinta-feira, 26 de agosto de 2010

360° Europa

26 de agosto de 2010

Quanto à reforma do Estado belga, pode-se resumir que após muita saliva (e provavelmente pizzas), a mesa redonda de ontem acabou às 22h30 sem concluir nada, sem avançar um centímetro. O assunto é a parte sensível da reforma: a cissão de Bruxelas-Hal-Vilvorde, a famosa espinha BHV encalacrada na garganta dos políticos e dos cidadãos (cansados de tanta briga por uma questão de importância mais do que relativa). Durante o dia, os presidentes de partido se encontram, porém à noite são seus delegados e nem sempre estes possuem todas as cartas, como indica a RTBF. Segundo esta, é pouco provável que haja um acordo hoje sobre BHV. A análise de La Libre Belgique vai no mesmo sentido, e estabelece um paralelo com as negociações de 2007 (que duraram meses e não levaram a nada de nadica; o governo anterior só foi salvo por causa da crise em 2008). De toda a mídia que tenho acompanhado sobre a reforma, devo tirar o chapéu para La Libre Belgique. Apresenta os resumos mais completos, mais claros e põe as notícias em seus devidos contextos.


O Instituto Nacional de Seguro Doença e Invalidez (INAMI) publicou aquilo que todo mundo já sabia: faltam médicos na Bélgica. Como nos relatam Le Soir e RTL, um terço das cidades não possui médicos clínica geral em número suficiente. O resultado é uma carga de trabalho colossal para os existentes. Trabalham de 12 a 15 horas por dia nas 206 cidades em que faltam profissionais (num total de 589 cidades). A distribuição de médicos não é homogênea. Faltam menos na Flândria, onde os incentivos fiscais são mais importantes - 20.000 euros para instalação na cidade com falta de médicos, mais possibilidade de empréstimo de 30.000 euros sem juros. Enquanto muitos apontam do dedo o número de vagas limitado para o registro de médico (numerus clausus), pesadelo dos estudantes de medicina, o Inami afirma que o que está em questão é o envelhecimento da categoria profissional, assim como sua feminilização. Segundo o Inami, as médicas teriam tendência a prestar menos horas de serviço por desejarem passar mais tempo com suas famílias.


Explode bomba na casa do Procurador-Geral de Reggio Calabria (bico da bota italiana), nos contam Corriere della Sera e La Repubblica. Ninguém foi ferido felizmente; os danos foram apenas materiais; o procurador Salvatore Di Landro e sua esposa se encontravam em casa durante a explosão. A bomba explodiu minutos antes das duas manhã ao portão do condomínio. Um sinal claríssimo da parte da 'ndrangheta, a máfia na Calábria.


Não é a primeira vez que o procurador é alvo de atentados. Seu escritório foi atacado no início de janeiro. Duas pessoas numa moto explodiram uma bomba na porta. Os magistrados de Reggio Calabria vêm sendo intimidados repetidamente. Desde o começo do ano, ameças de morte e envelopes contendo balas foram enviados para os procuradores Giuseppe Lombardo e Antonio Di Bernardo, que lutam contra o crime organizado. Uma missiva intimidatória foi mandada para o Procurador da República Giuseppe Pignatone.


Entre junho e julho, veículos de serviço de magistrados foram sabotados. Soltaram os parafusos das rodas do carro do procurador Di Landro e da procuradora geral substituta Adriana Fimiani. No princípio de agosto, a vítima de ameaça foi o procurador de Palmi, Giuseppe Creazzo. Puseram um cartucho carregado de chumbo grosso no pára-brisa de seu carro, estacionado no subsolo do Tribunal da Justiça.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

360° Europa

25 de agosto de 2010

Estava indo tão bem ontem... A N-VA fez declarações otimistas ao jornal Le Soir, dizendo que as negociações tinham ido de vento em popa durante o dia. Todavia, La Libre Belgique nos conta como foi a reunião político-técnica da noite: um fiasco. PS, Ecolo e CDH bateram a porta para parar a briga.
Os princípios gerais da revisão do financiamento do Estado e das entidades federais foram discutidos. Necessitam análise aprofundada pelos experts, o que, como observa um negociador citado por La Libre, levará semanas ou meses. Em outras palavras, não há nada de concreto. E sem falar na pedra no sapato dos francófonos, a cisão de Bruxelas-Hal-Vilvorde, o pesadelo BHV, que, segundo o jornal La Dernière Heure, foi o pomo da discórdia de ontem à noite. Resta hoje ao negociador-mor Elio Di Rupo (PS) de amainar os ânimos e continuar as negociações com sua paciência infinita.

Mas a Bélgica não se resume à reforma do Estado. Le Soir e La Libre Belgique tratam também do espinhoso caso do ex-bispo de Bruge Roger Vangheluwe. Segundo os periódicos, a demissão do bispo não foi espontânea. Cansados de ver Vangheluwe ser considerado como um padre ideal da Igreja, seu sobrinho, outrora abusado sexualmente pelo tio, e sua família fizeram pressão para que o bispo se demitisse. Os assessores e outras pessoas ligadas ao ex-bispo estavam a par dos abusos cometidos pelo mesmo. A situação havia se tornado insustentável e ele acabou deixando o cargo.

Ainda falando em mundo cão, La Meuse comenta o assassinato de Alicia Damoiseaux, de 16 anos, encontrada morta domingo à noite em Liège. Samuel W., de 19 anos, assume ter matado a jovem, porém diz não ter tido a intenção de matá-la. Aparentemente, ela foi batida até a morte por ter se recusado a ter relações com o mesmo. A família da vítima está escandalizada por um outro ator neste drama: Facebook. Uma página fora criada em homenagem a Damoiseaux; um espaço para que seus amigos ou outras pessoas pudessem se exprimir face ao drama e dizer adeus. A página foi invadida por trolls (assim conhecidos na Internet), isto é, pessoas com perfil falso que deixam mensagens desagradáveis. No caso de Damoiseaux, os trolls denegriram sua imagem com mensagens perversas na página onde ela deveria ter sido homenageada.

Para alegrar um pouco as notícias, La Meuse comenta o reinado latino-americano no concurso de Miss Universo (alguém ainda assiste isso?) e La Dernière Heure publica uma galeria de fotos com a nova vencedora, a mexicana Jimena Navarrete. Segunda-feira em Las Vegas, a jovem de 22 anos passou frente à favorita venezuelana e levou para casa o título de mulher mais bonita do mundo. Nos últimos dez anos, sete títulos foram para a América Latina. La Meuse conclui: as latino-americanas são as mais belas e representam o novo padrão de beleza feminina. Pois é, gente, nós somos lindas... ; )

Mudando agora de país e de assunto, lemos o artigo do Corriere della Sera sobre a Síndrome da Fadiga Crônica (SFC). O periódico cita um artigo publicado na primavera pela revista científica Science (14/05/2010), no qual a síndrome foi associada ao retrovírus XMRV (da mesma família dos causadores da Aids e da leucemia). No entanto, quatro outros estudos posteriores não confirmaram essa hipótese. E agora outra pesquisa indica correlação da doença com outro retrovírus da mesma classe do primeiro, o MRV. Pesquisadores de Harvard Medical School de Boston, do National Institutes of Health e da Food and Drug Administration (FDA) acharam sequências genéticas do MRV no sangue de pacientes - e nenhum traço de XMRV. A ligação da doença com retrovírus pode eventualmente levar a tratamentos com antiretrovirais, como os que tratam a Aids. Alguns pacientes já o fazem, como comentado no popular blog do Dr Jamie Deckoff-Jones. Há foruns na Internet, sobretudo americanos, que se dedicam ao assunto, como por exemplo o Phoenix Rising.

Como na Itália se fala do primeiro-ministro Berlusconi todos os dias, às vezes se esquece que os italianos têm também um presidente da República, Giorgio Napolitano. Pois hoje é Napolitano quem aparece na capa do site de La Repubblica. O presidente respondeu rapidamente à carta que lhe fora endereçada por três operários demitidos pela Fiat, Giovanni Barozzino, Antonio Lamorte e Marco Pignatelli,. Os mesmos haviam recorrido ao Tribunal de Melfi para voltarem ao trabalho, contudo não tiveram sucesso. Enviaram então a uma carta para o presidente da República, publicada na íntegra pelo jornal em outro artigo. O Napolitano respondeu compreender perfeitamente a aflição dos operários desempregados. Mas diz não poder intervir na decisão judicial, pois estaria ferindo um dos princípios básicos da democracia: a independência do poder da Justiça.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Quebra-cabeça: a reforma do Estado belga

23 de agosto de 2010

Voltemos à novela das negociações. La Libre Belgique conta o excitante final de semana dos negociadores. O clímax foi o bate-boca no sábado entre Laurette Onkelinx (PS) e Bart De Wever (N-VA). A primeira disse que Bruxelas não estava à venda e o segundo afirmou ser melhor se preparar para o fim do país. Domingo, Philippe Muyters (N-VA) propôs a regionalização do imposto de renda. Só isso. Os francófonos são contra, pois, segundo eles, perder-se-ia (alguém se lembra desta forma verbal?) o sistema de compensação entre os que pagam mais e os que pagam menos, chamado de solidariedade interpessoal. Além disso, poderia haver concorrência fiscal entre as regiões e debandada de empresas de uma parte da Bélgica para outra. Segundo La Libre, a N-VA teria se comprometido em não exigir a regionalização do imposto de renda ao negociador-mor, Elio Di Rupo (PS) hoje. Mas pode ser que mude de idéia, pois o que está à mesa é considerado insuficiente pela N-VA. Segundo La Libre Belgique, os dois partidos vencedores das eleições e a base do governo a formar, o PS e a N-VA, se encaram desconfiados como quem brinca de "quem rir primeiro". Os flamengos têm a impressão de que o objetivo do PS é pô-los para fora do jogo e deixá-los de "mulher do sapo" e os francófonos sentem que a N-VA está pisando na linha ao querer regionalizar os impostos.

Os fornos voltaram a esquentar no final de semana para o bolo da reforma. Le Soir conta que os partidos verdes do norte e do sul do país, Groen! e Ecolo, adicionaram uma receita: concentrar nas regiões todo o apoio financeiro à economia de energia. Atualmente, o governo federal e as regiões dão incentivos fiscais e financeiros a particulares para economia energética (isolamento de habitações, vitragem dupla, painéis fotovoltáicos, etc). A proposta dos partidos verdes visa à transferência da parte federal para a regional. Com direito a bônus caso a região ultrapasse sua cota de CO2 e desvantagem se ficar abaixo.

De 10, fomos para 12 e ultrapassamos os 15 bilhões de euros que passarão de mãos federais para o que agora se chamam de entidades federais. Ainda não foi definido se as fatias serão para as regiões (Flândria, Bruxelas e Valônia) ou para as comunidades (flamenga, francófona e germanófona).

Elio Di Rupo passará a semana distribuindo unguentos e pomadas para curar as feridas de sábado e domingo. Ele tem o ingrato trabalho de descobrir propostas em comum e redigir um relatório ao rei para formular a reforma do Estado. Pobre Di Rupo.

Homenagem a Chloé Graftiaux

Começo a postagem de hoje exprimindo minha tristeza pela perda de Chloé Graftiaux. Aos 23 anos, a jovem escaladora partiu. Caiu num abismo de 600 metros nos Alpes. Queda vertiginosa após uma carreira fulgurante.

Conheci Chloé quando esta tinha 14 anos. Fomos escalar na academia de Puurs, onde ela, sua irmã e um amigo fizeram vinte e duas vias. Diante de tamanho entusiasmo, resolvi escrever um artigo sobre os três adolescentes. E lá fui com o Trio Mutante para as paredes de Freyr, no sul da Bélgica. Fizemos uma sessão de fotos e entrevistas. Sua irmã Alix e seu amigo Florian tinham talento, era inegável. No entanto, Chloé possuía algo mais. Uma determinação, uma vontade, uma "raça" que vi em poucos escaladores ao longo dos anos. Sabia que estava diante de uma futura campeã. O tempo confirmou minha intuição. Chloé se tornou uma atleta de alto nível, campeã de escalada na Bélgica, campeã mundial. Subiu muitos pódiums. Mas ela era mais do que isso. Chloé não se contentou em "escalar plástico", isto é, em subir muros artificiais com agarras sintéticas. Ela ouviu o chamado selvagem da montanha e atendeu ao apelo. Pagou um preço alto demais pela vertigem dos cumes. Pagou com a vida. Sua timidez, sua simpatia e seu sorriso se foram.Tão cedo...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

360° Europa

20 de agosto de 2010

Quarta-feira, o préreformador Elio Di Rupo (PS) visitou o rei Albert II com as mãos abanando. Voltou para casa com a missão prolongada. Desde então, o monarca se encontrou com chefes de partidos e amanhã Di Rupo deve recomeçar as negociações. Se der tudo certo, domingo ou segunda haverá um acordo sobre a reforma do Estado belga. O jornal Le Soir conta em poucas linhas a situação atual. Em compensação, La Libre Belgique apresenta um belíssimo resumo das negociações, uma espécie de "Reforma 2010 Para Leigos". Recomendo a leitura para quem quer conhecer o contexto - e descobrir em mato sem cachorro se encontrará a Bélgica caso não haja um acordo até a semana que vem: http://www.lalibre.be/actu/elections-2010/article/603608/la-negociation-institutionnelle-a-7-en-10-questions.html

Lembram-se do meu artigo sobre pedofilia, Igreja e Justiça na Bélgica? La Libre Belgique conta mais um capítulo da novela. Semana passada, o Ministério Público julgou a batida policial ordenada pelo juiz Wim De Troy. As informações relativas a esse julgamento foram mantidas em silêncio a pedido do último para não atrapalhar a investigação. E o julgamento foi realizado a pedido do mesmo. Trata-se de um procedimento para evitar que provas venham a ser consideradas irregulares ou ilegais no tribunal. O silêncio imposto pelo juiz De Troy só é quebrado pelo tagarela Fernand Keuleneer, advogado da Igreja. Keuleneer brada aos quatro ventos a suposta irregularidade da batida e a impossibilidade de usar a documentação recolhida na arquidiocese de Mechelen-Bruxelas, complementa o site de Sud Presse. Como diz La Libre, as vítimas podem se constituir parte civil, acedendo assim ao dossiê sobre a batida policial, o que levará várias semanas. Aguardaremos de olho vivo.

Sarkozy está paquerando os eleitores de direita e adoraria raspar o tacho do partido extremista Front National (FN). Contenta-se, todavia, com uma margem desse eleitorado. Ameaçou há pouco retirar a nacionalidade francesa de naturalizados fora-da-lei e recentemente mandou dezenas de ciganos na estrada para a Romênia para lutar contra a suposta delinquência destes. Em Washington para assinar um acordo sobre o emprego de policiais americanos em aeroportos franceses (e vice-versa), o ministro da Imigração, Eric Besson, acabou falando mais sobre a expulsão dos ciganos do que sobre o acordo bilateral aos jornalistas franceses presentes. Reclamou da mídia de seu país, a primeira a bater de pau no governo, levando a críticas da imprensa internacional, segundo ele. Criticou Barack Obama, que acaba de liberar 600 milhões de dólares para colocar mais 1500 agentes na fronteira com o México. Indagado por jornalistas do Libération, Besson afirma que a política de Washington com relação aos imigrantes clandestinos seria considerada inaceitável pelos franceses, contradizendo a imagem veiculada por Obama durante as eleições e no início da presidência. Afinal, quem é mais intransigente com os clandestinos, Obama ou Sarkozy?

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

360° Europa

18 de agosto de 2010

Quanto à reforma do Estado belga, a postagem de hoje será curta. O préreformador (a cada eleição, negocia-se a formação do governo e a imaginação é sem limites para encontrar novos títulos para o negociador) Elio Di Rupo (PS) passará hoje às 15h30 no palácio real. Será que ele vai entregar o relatório ao rei? Não. A negociação não foi concluída, os flamengos acham insuficiente o que os francófonos puseram sobre a mesa, conforme informa Le Soir. Especula-se que Di Rupo verá o rei para obter um prolongamento de 48h, ou talvez para admitir sua derrota enquanto negociador. De qualquer forma a sua missão estaria fadada ao fracasso? Ou, como indica Le Soir, seria uma maneira de pressionar De Wever (N-VA) e suas demandas crescentes?


La Libre Belgique
descreve as negociações passo a passo. Os partidos francófonos PS, CDH, Ecolo, e os flamengos N-VA, CD&V, SP.A e Groen à mesa, o negociador Di Rupo redigindo o relatório de sessenta páginas. Relatório que leva em conta as demandas flamengas. Insuficientes para o norte do país. Aos 12,8 bilhões de euros de transferência do federal, os francófonos aceitaram adicionar 3 bilhões. Mais uma vez, insuficiente. Os flamengos queriam assumir mais responsabilidades financeiras. E mais foi adicionado. Insuficiente. Os flamengos incluíram nas demandas uma revisão integral do modo de financiamento do Estado. Os francófonos propuseram fazê-lo no próximo cálculo de orçamento da União. Insuficiente. Os flamengos querem a revisão do financiamento agora. Se La Libre admite que De Wever demonstrou uma certa boa-vontade, em compensação aponta os copartidários do mesmo no N-VA, os ultranacionalistas, como responsáveis pelo bloqueio atual. Sabendo-se que os outros partidos flamengos não influenciarão a postura do N-VA, respeitando o resultado das urnas, se pergunta se os flamengos compreendem que os francófonos já atingiram seus limites e não tem como fazer mais concessões. O jornal se indaga também até que ponto a intransigência do N-VA defende os interesses flamengos num país reformado ou se o seu objetivo desde o início era demonstrar a impossibilidade de negociar com os francófonos e a inviabilidade da Bélgica como a conhecemos hoje.


Gatos, tremei! La Libre Belgique e Le Soir anunciam o novo plano da célula "Bem-estar" do Serviço Público Federeal (SPF): esterelizar todos os gatos no país até 2016 para lutar contra a superpopulação felina. O "Plano Plurianual Gatos" prevê seis meses para ajustar a legislação e cinco anos para esterelizar os gatos por camadas. Os primeiros serão os abandonados, em seguida os que se encontram no comércio e finalmente todos os gatos domésticos serão identificados, catalogados e esterelizados. Parece piada, porém não o é. Verifiquei no site do SPF e baixei o pdf: http://www.health.fgov.be/eportal/AnimalsandPlants/19063159_FR. Quem quiser pode dar sua opinião:
apf.welfare@health.fgov.be. Os passarinhos ficarão felizes, no entanto os ratos também. Resta saber qual é o plano para diminuir a população de ratos e camundongos, cuja explosão demográfica incomoda muito mais do que a dos gatos.

O artigo mais importante do site do jornal El País é sem dúvida o levantamento anunciado do bloqueio de Melilla, território espanhol incrustado no norte do Marrocos. Militantes marroquinos pretendiam manter o bloqueio até o final de semana, impedindo a entrada de frutas, verduras, frutos do mar e materiais de construção. Os comerciantes de Melilla pediram para levantá-lo em respeito ao Ramadã. Os militantes levantariam o bloqueio também para dar uma chance à diplomacia com a visita do ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba ao seu homólogo marroquino, Taieb Cherkaoui em Rabat, capital do Marrocos dia 23 de agosto. Os militantes realizaram o bloqueio em protesto ao que consideram uma atitude racista das autoridades espanholas. O incidente gota d'água foi a interpelação de quatro marroquinos com passaporte belga a bordo de um conversível na fronteira. Segundo os marroquinos, estes levavam uma bandeira hasteada no carro, os agentes de fronteira mandaram retirar, os marroquinos se recusaram e policiais vieram em reforço, batendo a tordo e a direito. Segundo as autoridades espanholas, os marroquinos se recusaram a apresentar os documentos, alegando que Melilla é território do Marrocos, fizeram piadas de mau gosto, que um dos agentes compreendeu por ser marroquino e falar vários dialetos. Ao subir o tom dos impropérios, os agentes de fronteira chamaram a polícia. Entre brutalidade policial e problemas de fronteira segundo o ponto de vista, o resultado foi o bloqueio da entrada de mercadorias na cidade autônoma de Melilla. El País se indaga quanto ao papel do rei do Marrocos, Mohamed VI, no desatar da crise, isto é, se haverá uma intervenção da parte do governo num conflito que já foi longe demais. O ex-presidente do governo espanhol, José María Aznar, visitará Melilla hoje, onde deve se encontrar com o presidente da mesma, Juan José Imbroda. Talvez ele visite um poste de fronteira. Sua viagem é para apoiar as autoridades locais.


Outro artigo que merece atenção no site de El País trata de violência doméstica. Não são mulheres vítimas de maridos violentos, porém pais batidos por filhos. Fenômeno social recente (quase inexistente nos anos 90 e presente desde os anos 2000 e em plena expansão no momento), a violência de filhos em pais envolve todas as camadas da sociedade. Um parte significativa dos casos ocorre em famílias desestruturadas onde a mãe apanhava do pai. Nos mais de 1.000 casos registrados por ano, há uma tendência cada vez mais feminina. Tratam-se sobretudo de filhas que surram as mães. O fenômeno é resultado direto de uma educação excessivamente liberal, onde é proibido proibir, uma relação pais e filhos em pé de igualdade, relação fusional, próxima demais. Segundo os especialistas, a baixa de natalidade levou os pais a colocarem seus (poucos) filhos num pedestal, permitindo-lhe tudo e proibindo-lhe nada. Há pais que creem que dizer não é criar um trauma no filho, quando na realidade estariam ensinando os limites, causando um certo nível de frustração necessário. Por outro lado, como diz um dos especialistas citados, Vicente Garrido, professor de Pedagogia e Criminologia da Universidade de Valencia, é muito fácil falar mal dos pais, mas afinal quem poderia criticar uma mãe solteira cuidando de seus filhos por não ter uma pedagogia excelente? Segundo Garrido, alguns jovens possuiriam uma predisposição a comportarem-se como se o mundo girasse em torno deles para seu uso e usofruto egocêntrico, caracterizam-se por desamor aos pais. São jovens que aprendem rapidamente que a violência é um meio fácil e rápido de se livrar do que não apreciam - hora de chegada, tarefas domésticas, etc - e de obter o que querem - dinheiro, menos cobranças, etc. Ser pai é missão impossível, sempre falhamos em algum lugar. Entretanto, o medo de admitir suas falhas é o que tem levado pais a esconder a violência que sofrem dos filhos. Aguentam em silêncio para não assumirem o "fracasso" da educação que deram e tornam-se submissos escravos. O artigo é longo, porém merece toda atenção: http://www.elpais.com/articulo/sociedad/pegan/propios/hijos/elpepusoc/20100818elpepisoc_1/Tes. Recomendo.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

360° Europa

17 de agosto de 2010

Os políticos belgas adoram negociar à noite. Deve ser por causa da pizza, tradicional motor dans noitadas ao redor da mesa de negociações. De tanta negociação - ou de tanta pizza, Bart De Wever (N-VA) passou mal. Elio Di Rupo (PS) mandou parar tudo, botou todo mundo para fora do carrossel e prolongou a entrega do relatório ao rei, prevista para hoje, conforme nos relata Le Soir.

Poderíamos acreditar que já está tudo negociado, tudo amarrado, se o relatório era para hoje. Que nada! Le Soir conta que ontem os partidos flamengos CD&V e o N-VA pediram mais. Querem reformar também o mecanismo de financiamento das comunidades e das regiões pelo Estado. Segundo La Libre Belgique, os francófonos explicitaram seus limites. Aceitam a transferência de competências (e, implicitamente, de orçamento) do federal para as regiões, porém não para as comunidades. Isto implica num reconhecimento de Bruxelas enquanto região, isto é, algo a parte com seu próprio orçamento e gestão. A transferência para as comunidades, temem os valões, anilaria Bruxelas como região e esta poderia vir a ser "absorvida" pela Flândria em caso de declaração de independência. O fantasma da independência da Flândria apavora os políticos valões. Os últimos, segundo La Libre Belgique, aceitariam extender o poder do governo federal para as regiões mais um pouco, sendo todavia contra a revisão completa da lei do financiamento. Revisar o financiamento só seria possível no cálculo do próximo orçamento. Orçamento que precisa prever uma economia de 25 bilhões de euros em quatro anos para ajustar as contas do Estado. Isto, sem contar com os por volta de 15 bilhões a menos - a serem transferidos para as regiões ou comunidades.

60% da população iraquiana está desempregada. Quando o exército recruta, centenas de candidatos fazem filas quilométricas durante horas. Hoje, como nos conta a BBC News, The Guardian e The Independent, um terrorista suicida foi ao centro de recrutamento e aproveitou a fila para fazer uma centena de feridos e dezenas de mortos. O terrorista passou desapercebido, pois o centro é próximo a uma das princiapis estações de ônibus de Bagdá. No meio da multidão, ele andou até o centro e explodiu a bomba. O atentado ocorre num momento delicado, em que as tropas americanas se preparam a deixar o Iraque. Conforme comentamos semana passada (360° Europa 12/8/2010), cerca de 14.000 soldados yankees devem partir no final do mês. 50.000 partirão no final de 2011. O ministro da Defesa iraquiano, general Babaker Zebari afirma ser impossível preparar as forças armadas antes de 2020 e pede ao governo americano para manter suas tropas no Iraque até lá. Esforçando-se para fortalecer as forças armadas, o governo iraquiano tem recrutado 250 pessoas por semana. Recrutamentos que podem custar a vida do candidato, como vemos no ataque de hoje.

A BBC News anuncia cem feridos e pelo menos cinquenta e um mortos, The Independent fala de cento e doze feridos e quarenta e um mortos e The Guardian conta cento e dezenove feridos e cinquenta e um mortos.

sábado, 14 de agosto de 2010

Pedofilia, Igreja, Justiça e silêncio

14 de agosto de 2010

Lamentável! Quando as vítimas e suas famílias acreditaram que enfim suas vozes seriam ouvidas após sofrerem em silêncio a humilhação e a vergonha durante anos... O silêncio persiste. Antes, era imposto pela Igreja. Agora pela Justiça belga. O procurador-geral disse que as buscas realizadas em 24 de junho no palácio episcopal em Mechelen, Bélgica, sede da Igreja, são irregulares, como nos relata Le Soir.

475 vítimas de abuso sexual por eclesiáticos haviam aberto suas feridas em total confiança ao painel da Igreja Católica, presidida pelo psiquiatra infantil, Peter Adriaenssens. Dia 24 de junho, o juiz Wim De Troy ordenou uma batida policial extensiva no palácio episcopal de Mechelen, domicílio do cardeal Danneels, na mediática "Operação Cálice".


O Cardeal Danneels, antigo responsável da arquidiocese de Mechelen-Bruxelas, era suspeito de ter posto panos quentes nos eventos relatados nos dossiês. Estes foram pegos durante a operação, assim como diversos outros documentos, levando à demissão de todos os membros do painel e a comentários reprobativos do atual representante de Roma na Bélgica, o arcebispo Léonard e até mesmo do papa Bento XVI. RTL informou que o cardeal não foi acusado após audiência, conforme anunciou o promotor público de Bruxelas.


Para concluir com chave de ouro, ontem, o Ministério Público considerou a busca irregular. Todos os documentos recuperados durante a mesma não podem servir de prova; isto inclui os dossiês do painel. Em outras palavras, o juiz Wim de Troy perdeu todas as cartas e não tem mais nada para por na mesa. Além disso, como relata o jornal Le Soir, o Ministério Público de Bruxelas e o Ministério de Primeira Instância se recusam a revelar o conteúdo da decisão da Câmara de Acusações. Temem tornar públicas informações que prejudicariam a investigação. Que investigação? Não sobrou mais nada para o juiz.


Cai muito mal essa decisão judicial. Sobretudo poucos dias depois de explodir o escândo envolvendo o bispo de Bruges, Roger Vangheluwe, o qual abusou sexualmente de um sobrinho e e comprava o silêncio da família há vinte e quatro anos.


Os únicos vencedores nessa história são os advogados da Igreja e os padres pedófilos. As vítimas e suas famílias perdem a esperança, o juiz de Troy perde suas provas, a Justiça sua credibilidade, os padres honestos perdem a confiança de seus paroquianos e a Igreja Católica, grande perdedora, só mais tarde verá o preço do silêncio.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

360° EUROPA

Sexta-feira 13 de agosto de 2010

Era previsível. Como era de se esperar, Bruxelas se mostrou o nó da questão. Flamengos e valões desejam a capital da Europa, coração da União Européia e concentrado de lobbies europeus, de empresas multinacionais, cartão postal da Bélgica e home sweet home da família real. Cidade oficialmente bilíngue, 80% de Bruxelas fala francês.

A reforma do Estado belga se encontra numa bifurcação. Ou transfere de 12 a 15 bilhões de euros de orçamento (e competências) do federal para as comunidades (flamenga e valã) ou para as regiões (Flândria, Valônia e Bruxelas). Le Soir dá o contexto. Os flamengos preferem a primeira opção e os valões a segunda. A estratégia consistiria em isolar a capital (inclusive com a divisão de Bruxelas-Halle-Vilvoorde, uma longa novela que merece postagens à parte), mantê-la com fome de verbas e enfim coordenar a gestão da cidade entre as duas comunidades. Os valões não aceitam a visão flamenga, querem que a capital seja mantida como agora, uma região em si. Temem que a negação de Bruxelas enquanto região beneficie a independência da Flândria (que guardaria a mesma).

Mas, como lembra La Libre Belgique, as propostas do valão Elio Di Rupo são consideradas insuficientes pelos flamengos. Os sete partidos à mesa de negociação, socialistas, cristãos e verdes (os liberais ficaram fora do jogo) ainda terão muito o que discutir. Enquanto os francófonos consideram que 70% das demandas flamengas foram aceitas, os flamengos responder ser insuficiente. Querem mais, muito mais. Até onde cederão os francófonos e o que receberão em troca, veremos nos próximos episódios da palpitante vida política belga.

A capa de Libération fala da "confissão" de Sakineh Asthtiani, todavia o site comenta o crescimento econômico da França - 0,6% no segundo trimestre de 2010 e diminuição do desemprego com 35.000 empregos novos no mesmo período. Ainda é cedo para anunciar o fim da crise, no entanto, se a tendência persistir, a França atingirá seu objetivo de crescimento de 1,4% em 2010.

Outra preocupação do Libé são os desastres naturais em 2010. Calor excessivo e inundações no Paquistão, Índia e China, incêndios na Rússia... Há cento e trinta anos não fazia tanto calor quanto no primeiro semestre de 2010. Calotas polares e geleiras degelam, o nível do mar sobe. Libé cita várias catástrofes naturais que ocorreram este ano e se indaga sobre correlações entre as mesmas, citando diferentes pesquisadores e laboratórios mundo afora. E conclui que estamos apenas no início de um ciclo infernal de catástrofes. Consequência de explosão demográfica e subsequente urbanização descontrolada e frenética, e da má gestão dos recursos naturais. E a cada catástrofe a produção agrícola é afetada, causando aumento de preços e falta de alimentos no mercado, matando milhões de fome. A agricultura é, justamente, uma das questões centrais do debate climático, pois faz a ponte entre o clima e a geopolítica. Como diz o Libé, o ser humano é extremamente vulnerável face a forças que o ultrapassam. E não é a visão a curto prazo dos dirigentes que nos permitirá encontrar soluções duráveis.

O Correio da Manhã, em compensação se concentra em faits divers. Temos a escolha entre o enfermeiro que drogava pacientes e abusava sexualmente das mesmas, o médico que operou quatro pessoas, deixando três cegas, ou ainda o cadáver de uma senhora que faleceu no hospital e permaneceu junto ao outros pacientes na enfermaria por horas, acompanhando-os durante a refeição e visitas - detalhe: fazia um calor terrível e o ar condicionado não funcionava. Socorro!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Errata

Mea culpa, mea maxima culpa.

No dossiê da carne clonada (vejam bem, não é de vaca louca), eu disse que a AFSCA havia tranquilizado a população sobre a mesma. A AFSCA não é, como afirmei, uma agência da União Européia. É uma agência federal belga. Bem, até quando será federal, isso só De Wever e Di Rupo sabem. Nós, pobres mortais, só descobriremos quando a reforma do Estado for realizada, o que pode durar tempo suficiente que várias eleições se sucedam, permitindo o ganha-pão de políticos.

Resenha

Concentrado de absurdos

O Courrier International acaba de publicar a nova edição de coletâneas de notícias esdrúxulas sem seu hors-série La Vie Insolite. Após quatro anos recoltando absurdos publicados pela imprensa nos quatro cantos do mundo, a equipe do Courrier, coordenada por Claire Maupas, nos presenteia com mais uma delícia a ser devorada ou degustada, fica ao gosto do freguês.

É rir para não chorar. La Vie Insolite 2010 prova por A + B que a besteira não tem limites, nem depende de classe socio-econômica, idade, sexo, nacionalidade ou etnia.

Duro mesmo é eleger a pérola das pérolas. Entre o presidente da República da Camúquia (Federação da Rússia) e presidente da Federação Internacional de Xadrez (FIDE), Kirsan Ilyumzhinov, que afirmou numa entrevista de televisão ter sido sequestrado por extraterrestres ou talvez as três freiras escossesas quinquagenárias que haviam contratado uma apólice, assegurando a educação de Cristo, caso este viesse a renascer de uma concepção virginal de uma das mesmas (a Igreja acabou com a festa da seguradora Britishinsurance.com). Em matéria de seguro, o Bradesco não fica atrás. Moradores da Rocinha (Rio) ou Heliópolis (São Paulo) pagam R$ 3,50 por mês por uma apólice de R$ 20.000 em caso de morte por bala perdida. Já em Gaza, os pobres se divertem no zoológico admirando o leão e os asnos pintados de zebra. O bloqueio israelita impede a importação de animais selvagens e passar zebras pelos túneis de contrabando representaria um custo proibitivo. Do outro lado do bloqueio, os israelitas também produzem seu lote de insólitos. Um soldado publicou em seu perfil Facebook o local, a data e a hora de um ataque na Cisjordânia do qual deveria participar. Quem precisa de James Bond hoje em dia?

360° Europa

12 de agosto de 2010

A reforma do Estado, incêndios na Rússia e carne clonada se encontram nas primeiras páginas dos sites da imprensa belga de hoje. Citando outros jornais, Le Soir anuncia que a reforma do Estado belga vai custar entre 12 e 15 bilhões de euros. As eleições de junho catapultaram o N-VA, partido separatista flamengo, e seu líder, Bart De Wever no norte do país e o PS (partido socialista) e seu líder, Elio Di Rupo no sul. O programa do N-VA se focaliza num enfraquecimento do papel das instituições federais e fortalecimento das regionais. De Wever começou a negociação e agora é a vez do valão Di Rupo. Sete presidentes de partidos políticos negociam o futuro institucional da Bélgica. La Libre Belgique indaga qual será o futuro da capital Bruxelas, objeto de desejo do norte e do sul do país. Segundo a RTBF, as bases da grande reforma foram discutidas, porém ainda não há consenso a respeito de que áreas exatamente devem passar do domínio federal para o regional. O que se sabe, a grosso modo, é o montante dessa transferência, isto é, mais de 10 bilhões de euros. RTL vê duas saídas possíveis às negociações: ou a Bélgica será composta por duas partes, a Flândria e os francófonos ou em três, a Flândria, a Valônia e Bruxelas. A Bélgica vive momentos decisivos de sua história; a reforma atual pode vir a ser a mais importante que já vivenciou.

Os incêndios na Rússia e a proximidade de áreas contaminadas em Chernobyl se mantém nas principais manchetes da imprensa belga.

Outra manchete trata do prefeito de Stavelot, Thierry de Bournonville, que foi apunhalado por seu filho mais velho, Pierre-André, hoje. Suas costas, o rosto e os braços receberam várias punhaladas. O prefeito foi evacuado para o hospital de helicóptero ao passo que seu filho subiu ao teto da casa e ameaçou se suicidar. Finalmente, foi convencido a descer e seu pai não corre risco de vida, segundo La Meuse, o primeiro jornal a anunciar o ocorrido.

Outro assunto de forte presença é o escândalo da carne americana clonada que se encontra nos pratos belgas. Uma vaca clonada teria "dado luz" a quatro touros e quatro vacas. Três dos quais teriam sido abatidos e exportados mundo afora. Segundo a Agência pela Segurança da Cadeia Alimentar (AFSCA), agência da União Européia, citada por Le Soir, La Libre Belgique, a RTBF e a RTL, a carne que se encontra na Bélgica não é clonada, pois seria da terceira geração. Foi o jornal britânico The Guardian quem denunciou a presença da carne clonada na Grã-Bretanha e na Bélgica. A prática de clonagem seria considerada normal nos Estados Unidos, porém não é frequente em consequência do custo alto - só animais excepcionais são clonados. A AFSC lembra que não há provas dos riscos de carne clonada para a saúde. Todavia, de qualquer forma, é proibido na Bélgica.

The Guardian comenta o fim de carreira brutal de David Beckham da seleção inglesa. Diante das câmeras de televisão, Beckham foi tratado por Fabio Capello de velho (35 anos) demais para defender as cores inglesas nos gramados. Beckham se recuperava de um problema no tendão de aquiles. Agora, precisará de muito mais energia e paciência para curar o ego ferido.


BBC News cita o chefe das Forças Armadas iraquianas, o General Babaker Zebari, o qual afirma que a retirada das tropas americanas do território iraquiano seria prematura. Obama está satisfeito com o progresso no Iraque e pretende terminar com operações de combate em agosto e iniciar a retirada de tropas no final de 2010. Dos 64.000 soldados atuais, 50.000 devem ficar até 2011. Segundo o general Zebari, o exército iraquiano não estará pronto para assumir o vazio deixado pela retirada antes de 2020. Ele pede que o governo americano deixe suas tropas estacionadas no Iraque até lá. Caso contrário, o general teme pela segurança em seu país.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Crítica de Cinema

O Aprendiz de Feiticeiro

Nos primeiros minutos, fica claro que o grosso do orçamento de O Aprendiz de Feiticeiro (The Sorcerer's Apprentice), foi gasto em cachês e efeitos especiais. O roteiro ocupou uma pequena parte. No entanto, a partir do momento em que se aceita uma história o tanto o quanto simples e, como todo Disney, maniqueísta, o filme pode ser um bom programa.
Trata-se de um filme de aventura transbordante de efeitos especiais espetaculares, onde ação, romance e algumas risadas se mesclam. O mentor, Balthazar Blank, é vivido por um Nicolas Cage cabeludérrimo com casacão de couro. Sua missão é encontrar o herdeiro de seu mestre, Merlin, morto durante um luta contra a malvada Morgana. O jovem aprendiz, Dave Stutler (Jay Baruchel), obviamente, é desajeitado, e briga mais tempo contra sua falta de auto-estima do que contra as forças do mal. Há uma homagem divertida ao Aprendiz de Feiticeiro com Mickey Mouse no Fantasia (de 1940).
Alfred Molina mais uma vez vive um bom vilão com o bruxo Maxim Horvath e faz de tudo para ressuscitar Morgana e impedir Balthazar de reencontrar a bela Veronica (Monica Bellucci). Entre dragões e arranha-céus, o aprendiz briga para salvar Nova Iorque e o mundo em loucas corridas de carro e lições de física. Vale a pena levar as crianças. Elas adoram.



Insólitos

Sexo com boneca dá cadeia

Saiu no Correio da Manhã: Eddie M. Campbell, de 61 anos, foi pego com a boca na botija, ou melhor, em plena ação com uma boneca inflável, num estacionamento em Virgínia Ocidental, EUA, no domingo 8 de agosto pela manhã. Ele alegou estar "apenas se divertindo" nu no carro, todavia os policiais não acharam nada divertido e Campbell só saiu da cadeia depois de pagar uma fiança de mais de 19 mil euros.

360° Europa

11 de agosto de 2010

A imprensa belga é unânime: as famílias belgas são as mais ricas da zona euro. Segundo Eurostat, órgão de estatísticas da Comissão Européia, os belgas possuem 916 bilhões de euros, isto é, 210% do PIB. Com medo dos impostos a pagar, os belgas poupam o máximo que conseguem, preparando-se para a bocada do leão. Outra preocupação da imprensa na Bélgica é a volta às aulas, sobretudo o quanto pesa na carteira. O ensino come 11,4% do orçamento dos pais, sendo 27,5% em setembro quando começa o ano escolar.

Mas a unanimidade nos jornais europeus vai para os incêndios na Rússia. O fogo que se alastra atingiu áreas contaminadas pelo desastre de Tchernobyl, em 1986, na Ucrânia. Teme-se que partículas radioativas que se encontravam no solo há trinta anos fiquem em suspensão no ar e circulem pelo continente.

The Independent se preocupa com as bactérias ultrarresistentes nos hospitais britânicos trazidas da Índia, Paquistão e Bangladesh. Cada vez mais fortes, as bactérias resistem a antibióticos tradicionais e se espalham pelos hospitais.

The Guardian teme uma inflação acima dos 2% projetados, comenta as inundações na China enquanto mais chuvas torrenciais são previstas e fala dos diamantes “sujos” de Naomi Campbell.

Libération anuncia o Ramadã e analisa o fato da comida apropriada ao mesmo (halal) ter pouca oferta nos supermercados, apesar de possuir um mercado potencial quatro vezes mais alto do que o orgânico. A clientela potencial na França é de 5 milhões de muçulmanos.

La Repubblica fala do chefão da Cosa Nostra, Giuseppe Falsone, preso em Marselha e extraditado para a Itália. Durante um ano e meio na França, Falsone viveu em oito apartamentos, se fez passar por um homem de negócios, passava boa parte do tempo na praia e manteve contato com seus homens pelo Skype.