sábado, 18 de setembro de 2010

Resenha

Blacksad Tomo 4
L'Enfer, le silence

Acaba de sair o quarto volume das aventuras de Blacksad, o detetive gato mais intrépido das histórias em quadrinho. Mais uma vez, Juanjo Guarnido e Juan Díaz Canales oferecem uma HQ de qualidade a seus leitores. Blacksad é um polar com personagens animais antropomorfizados vivendo no reverso da medalha americana dos anos cinquenta. Guarnido e Díaz varrem o American Way of Life e expõem os bastidores da sociedade USA no que há de mais podre. Os espanhóis Guarnido, desenhista, e Díaz, roteirista, publicam Blacksad com a editora francesa Dargaud. Em consequência, a HQ sai primeiro em francês e depois em espanhol.

O primeiro tomo, Quelque Part Entre Les Ombres, fala de corrupção e máfia numa New York sem encantos.

O segundo, Artic Nation, trata do racismo. Ao investigar sobre o desaparecimento da jovem café com leite Kaleigh, John Blacksad se vê entre o fogo de grupos à la Ku Klux Klan e do estilo Black Panthers. Ganhou o prestigiado prêmio de Angoulème na categoria Melhor Desenho. Artic Nation ganhou outro prêmio na França, o Virgin no Virgin Megastore des Champs Elysées, além de ter sido nomeado três vezes no Eisner Awards em San Diego, nos Estados Unidos. Prêmios e nominações em 2004.


O terceiro volume, Âme Rouge, pinta um quadro da América maccartista, onde o herói se vê em maus lençóis de lutas ultranacionalistas e corrida nuclear. Ganhou o prêmio de Melhor Série no Festival de Angoulème em 2006.


O quarto tomo mostra uma ensolarada New Orleans, onde velhos segredos vêm à superfície quando Blacksad se vê confiado uma missão: encontrar o brilhante pianista Sebastian Little Hand Fletcher, dependente de heroína. L'Enfer, le silence mostra o sol, as cores vibrantes e a multidão multiracial da célebre New Orleans décadas antes do furacão Katrina. Enquanto o segundo volume transpira conflitos raciais em todas as páginas, o quarto tomo respira o jazz. A música permeia os quadrinhos, cimentando a ambientação em New Orleans e dando ritmo ao desenho. É um prazer sentir os movimentos dos personages, provavelmente herança do passado de Guarnido nos estúdios Disney; é bom mergulhar num história bem escrita. Sente-se o trabalho duro ao elaborar a edição, isto é, a passagem de um personagem a outro, o corte entre as ações, a mudança de perspectiva. O roteiro é bom, todavia não é o melhor da série. Blacksad 4 é uma obra madura em que o conteúdo e a forma se casam quase magistralmente. E como a cada tomo, a paleta de cores muda para criar uma atmosfera diferente. A conclusão que se impõe é: queremos mais!

Ver o site de Dargaud sobre Blacksad.

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